sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Nelson Rolihlahla Mandela

Nelson Rolihlahla Mandela,

Seu sorriso ilumina meu rosto;
Sua vida traz esperança para a minha;
Sua luta inspira meus passos;
Sua dança abre caminho para a reconciliação
comigo mesma e com o mundo;

Madiba siga em paz,
Deixe-me seus  rastros para que eu não me perca
no caminho de volta para casa.
Pois, como me mostras, é longa a estrada para a liberdade.

Sobonana kwakhona

sábado, 30 de novembro de 2013

Zong! Leitura e Performance



Hoje dia 29 de novembro as 14:30 no MArquE, na UFSC, estarei  apresentando  a performance Tecelãs da Existência”, desta forma,  participo  da  leitura coletiva de Zong! que está acontecendo em vários países.


O livro Zong! escrito  pela a autora afro-caribenha M.NourbeSe Philip  escava um texto legal, no qual memória, história e lei colidem e metamorfoseiam na poética do fragmento. Zong! se torna um lamento anti-narrativo que alarga as fronteiras da forma poética.

Zong!  É uma estória que não pode ser contada,  embora deva ser contada...
Em 1781 o navio  Zong zarpou da costa ocidental da África  com  a “carga” de 470 pessoas africanas  escravizadas para serem vendidas na Jamaica.  E como de costume sua carga estava completamente assegurada.  Mas,  a viagem ao  invés  de durar de quatro a  seis semanas, por motivos de  erros de navegação por parte do capitão,  essa durou  quatro meses. Nesse interim,   uma parte da “carga” foi perdida, pois  muitos morreram  por doenças, outros por  falta de água e  muitos outros,  um total de cento e cinquenta pessoas  foram atiradas ao mar por ordem do capitão.  O capitão do navio considerou que se os escravos Africanos  a bordo morressem de “morte natural” os donos do navio teriam que assumir os custos, mas se estes  fossem atirados ao mar, isso poderia ser financeiramente mais vantajoso... Pois com isso poderia se exigir o pagamento do seguro pela perda da “carga”.

Zong! Transforma-se assim em canção, um lamento,  das águas,  do silêncio das águas que  hoje nos falam...

Quando silêncio é
Abdicação da palavra língua e lábios
Cinzas de uma coisa que foi
...Silêncio
Canção Palavra  Fala
Posso eu... como Philomela ... cantar
Continuamente
Várias vezes
Internamente
Pura repetição

Zong! É uma canção. E cantar tem mantido a alma do povo Africano intacta, quando esse povo pede  água  ...sustentação ...preservação.  Zong! É uma canção de uma estória não contada, e que não pode ser contada embora deva ser contada, mas somente através de sua  re-contagem.   


Ida Mara Freire
Tradução criativa de Zong!
Autoria M. NourbeSe Philip
 Imagens de Marina Moros




quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Zong! 29 de Novembro 2013

No mês da Consciência Negra,

Convidamos você para participar da leitura Coletiva do livro Zong! De Marlene NourbeSe Philip e relembrar a história das pessoas no dia 29 de novembro de 1781 que perderam suas vidas a bordo do navio Zong!
Este evento acontecerá no transcorrer do dia 29 em vários países: África do Sul, Brasil, Canada, Tobago, Trindade
A leitura realizada pela autora NourbeSe pode ser acompanhada ao vivo pelo site:

Performance: Tecelãs da Existência
Por Ida Mara Freire

Local:
MArquE
 Museu de Arqueologia da UFSC
Data e horário:

Sexta, 29/11/2013 as 14:30

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Café com Dança

CAFÉ COM DANÇA – NOVEMBRO DE 2013
 
Última edição do ano do Ciclo de debates Cafés com Dançaque, em 2013, promove a reflexão sobre a Dança e a formação profissional desta arte em Instituições de Ensino Superior. Na edição de novembro será feita uma análise da situação atual do mercado detrabalho para profissionais desta área, em relação ao tipo de formação que é atualmente oferecida no Brasil.Após o debate haverá a exibição de VídeoDança.
 
13 de novembro de 2013
Local: Sala AROEIRA, piso superior do Centro de Cultura e Eventos da UFSC.
 
9h Debate: A formação em dança nas Instituições de Ensino Superior e o mercado de trabalho.
11h – Coffee break
11h30 – Ciclo VídeoDança:
Paso Doble: Miquel Barceló  e Josef Nadj – 2006, 39 min.
 
Convidadas:
 
Maria Carolina Vieira - bailarina, atriz e mestranda no Programa de Pós-Graduação em Teatro da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC); graduada em Artes Cênicas na UDESC. Foi atleta de ginástica rítmica durante oito anos, tendo participado da equipe que representou o Brasil nas Olimpíadas de Sydney 2000/Austrália. Em Florianópolis atuou como bailarina na Cia Siedler de Dança Contemporânea (2007 e 2008) e no Grupo Cena 11(2010 - 2012). Desde 2012 é bailarina no grupo Peeping Tom de dança-teatro (Bruxelas/BE).
Cibele Sastre - bailarina, professora e pesquisadora da área da dança. Doutoranda em educação no PPGEDU e mestre e bacharel em Artes Cênicas no PPGAC da UFRGS, Foi bolsista Virtuose do MinC para formação como CMA - Analista Laban do Movimento certificada pelo LIMS/New York. Já atuou em três IES em cursos de licenciatura em dança no RS, além de três especializações em dança também neste estado. Atualmente é professora do curso de Graduação em Dança: Licenciatura da UERGS, e professora convidada no curso de dança da ULBRA. Recebeu o Troféu Açorianos de melhor bailarina em 2003 por seu solo Experimento da Cadeira. Atualmente participa dos coletivos da sala 209 e Artéria em Porto Alegre e dirige o Grupo de Risco (dança e pesquisa).
Mediação: Profa. Dra. Vera Torres (CDS/UFSC)
 
Organização:
Vera Torres (CDS), Débora Zamarioli (DALI/CCE), Janaína Martins (DALI/CCE), Ida Mara Freire (CED) e Janaína Santos (PROGRAD).
 
Apoio: CDS / DALI /CED / Secult UFSC

terça-feira, 18 de junho de 2013

Fenomenologia do Perdão -Convite NUER





             
  
  


FUNZANA "Fenomenologia do perdão: dança, silêncio e esperança na África do Sul" com Ida Mara Freire (CED/UFSC) www.escrevedance.blogspot.com/
O NUER convida a todos/as os/as seus pesquisadores/as para participar do FUNZANA "Fenomenologia do perdão: dança, silêncio e esperança na África do Sul" com a presença da Profa. Ida Mara Freire (EED/UFSC). Esta conversa pretende dialogar com as descrições fenomenológicas das atitudes de perdão do povo sul-africano e a experiência da dança coletiva toyi-toyi.

CFH / UFSC - (48) 3721-2420 - nuer.ufsc@gmail.com


http://www.nuer.ufsc.br/eventos.php?id=54

Educação Quilombola


quarta-feira, 5 de junho de 2013

Olhe e Pergunte: Como viver juntos?



Olhe e Pergunte: Como viver juntos?[1]

Recebo o e-mail: A cidade em estado de Múltipla Dança. Belo modo de ocupar o espaço público. Marta Cesar, coordenadora geral,  agradece as parcerias institucionais,  representadas pelas professoras Vera Torres da UFSC e  Sandra Meyer da UDESC, e a curadoria compartilhada com Jussara Xavier, e o apoio do Edital da CAIXA, dentre outros. E agradeço aqui você, leitor e leitora  que apreciaram ao seu modo as proposições do Múltipla. E no abrir e no fechar dos olhos descrevo brevemente  algumas atividades.

Cubra os seus olhos com as mãos e conte até dez.  E lá estamos todos nós, mães,  pais, filhas e filhos,  acompanhando, rindo, cantando, dançando entrelaçando  no corpo o passado, o presente e o futuro, por sugestão do espetáculo “Entrelace” do Teatro Xirê  apresentado no Múltipla Dança. A plateia busca perceber espaços sutis de encontro e convivência durante a performance coreografada e dirigida por Andrea Elias. No brincar entre crianças e adultos, entre cantos e  parlendas musicados  por PC Castilho, identificamos nos passos das dançarinas  Andrea Elias, Mayara Costa, Tânia Ikeoka e o dançarino Heder Magalhães,  os lugares do corpo que eternizam o encontro com o outro na memória.

E abrimos os olhos para contemplar as  epifanias visuais “Partida”, “Marahope”,  “O Regresso de Ulisses”, e  “Os Tempos” apresentadas por Andréa Bardawil e Alexandre Veras, na sessão de vídeo dança que celebra os  10 anos do Alpendre Casa de Arte, Pesquisa e Produção.

O olhar  do espectador se aproxima  para  explorar e  compreender o percurso do movimento antes de ser dança, ao participar da Conferência-Demonstração Laboratório Corpo e Dança, coordenado  por Jussara Xavier, na qual se enfatiza os processos de composição desenvolvidos pela dançarina Daniela Alves que apresenta a experimentação "Direção Múltipla Virtual"; e pelo dançarino Lincon Soares sua pesquisa parte da exaustão do corpo e do desequilíbrio em sua organização, para buscar modulações da aparência.
O espetáculo “Proibido Elefantes”, coreografado e dirigido por  Clébio Oliveira, sugere uma experiência perceptiva para o espectador e lembra com Agnes Heller: “quem não se liberta de seus preconceitos artísticos, científicos e políticos acaba fracassando, inclusive pessoalmente”. Quando o elenco da companhia Gira Dança composto por Álvaro Dantas, Jânia Santos, Joselma Soares, Marconi Araújo, Rodrigo Minotti e Rozeane Oliveira,  se coloca no palco descrevendo alternadamente os movimentos um do outro em um microfone, põe em evidência  como o que estamos a ver, também está a nos olhar.  De modo que percebamos a diferença nos corpos que dançam, visíveis no peso e tamanho, nos excessos e nas faltas.  E faz, também, perguntarmos:  como  nós com todas essas diferenças podemos viver juntos?
Mas, antes que você tenha alguma ideia, pare e repare. Pergunto: conheces o jogo das perguntas? 
Pois, o Múltipla Dança termina nessa semana com a Residência de João Fiadeiro (Portugal) e Fernanda Eugénio (Brasil), intitulada:  “Modo operativo AND”,  um modo de relação composto do jogo das perguntas “como viver juntos?” e “como não ter uma ideia?   Deixo-os agora leitor e  leitora ao sabor dessas e outras indagações.

 Publicado no Notícias do Dia em 03/06/2013.





[1] Ida Mara Freire
Professora associada do Centro de Ciências da Educação da UFSC
Pós-doutorado em Dança pela University of Cape Town- África do Sul

sábado, 1 de junho de 2013

Corpos transbordantes de água e ar



Espetáculo "Transborda"/ Foto: Cristiano Prim
Corpos transbordantes de água e ar[1]

“É sempre bom lembrar que um corpo está cheio de ar.” Altero a canção de Gilberto Gil para comentar os espetáculos de dança “Transborda” de Valeska Figueiredo, na noite de terça dia 28 e o “Um banho de Água Fria” de Elke Siedler, no fim de tarde de quarta dia 29, apresentados no Múltipla Dança.
Espetáculo: "Um banho de água fria"/Foto: Cristiano Prim 


Valeska Figueiredo explora a sensação de não se conter às experiências circunscritas no cotidiano.  Investiga o cheio e o vazio de si convidando o espectador a respirar junto,  gestar um gesto sustentado pelo  som e pela  luz. A sonoridade criada por Rogério Almeida favorece  perceber com nitidez  o rastro do deslocamento sonoro vibrante e descontínuo. A luz de Irani Apolinário desenha com a sombra um cenário imaginário.  Sutileza.  Uma atenção delicada é o que se vai exigir do espectador.  Procurar no corpo o caminho percorrido pelo ar inalado.  Atentar para o que não é dito, mas é dado  pela expressão facial, pelos gestos, pelos movimentos do corpo, pela voz que surge do ato de respirar.

Fiona Ross, pesquisadora sul-africana, observa a inter-relação entre as palavras e o silêncio, e constata como um pensamento criativo diante daquilo que se vê e se ouve contribui para novos modos de lidar com o conflito e a diferença.

Enquanto  conversávamos no calçadão da Felipe Schmidt, demoramos alguns segundos para percebemos a ocupação silenciosa da dançarina Elke Siedler e de Thiago Schmitz. Sua performance  leva para o meio da rua as incertezas presentes nas relações interpessoais. A vulnerabilidade e a falta de controle vividas intimamente entre quatro paredes são expostas a todos que ousam parar um minuto para ver aquela que trajava um vestido preto com rendas e de alças, e seus pés calçados  com uma sandália de salto alto e fino, que desafiavam sorrateiramente a gravidade, o esmalte vermelho das unhas se destacam tanto nos pés como nas mãos. A cabeça era coberta com um capuz de couro preto, com orifícios nos olhos, nariz e boca. As pessoas passavam, olhavam, aproximavam, se afastavam. Chegam até comentar o uso da água e do dinheiro público. Uma menina  buscava entender com seu olhar sincero o drama ali proposto pelo casal, manifesto na  ausência de  comunicação.   Na hora do banho,  escuto comentário: “mas não estão jogando água  nela? Ah, agora estão”; Olho o balde de água sendo jogado no corpo da dançarina encharcado. Presenciar  “Um banho de água fria” ali no calçadão, faz pensar que a negação da dor do outro não é uma falha intelectual, mas uma falha na sensibilidade.

Espetáculos como os de Valeska e de Elke podem nos auxiliar a exercitar a atenção  sensível e habitar o próprio constrangimento de testemunhar a dor do outro. Perceber como o ato de constranger e ser constrangido  opera na constituição da nossa própria fala e também do nosso silêncio. Atentar é um ato sutil e delicado.  Pode ser um esforço profundo compreender  a si mesmo e essas  pessoas  que dançam num palco sem cenário  ou no calçadão da Felipe Schmidt.  Eis o exercício de transbordamento ofertado pela alteridade, que  aprofunda a noção de  empatia, pois não exige que calcemos os sapatos do outro, mas que fiquemos descalços em sua presença.
Publicado no Notícias do Dia em 31 de maio de 2013




[1] Ida Mara Freire
Professora associada do Centro de Ciências da Educação da UFSC
Pós-doutorado em dança pela University of Cape Town, África do Sul