quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Paz no mundo

 



Neste período de festividade além de desejar a Paz para  você, também desejo Paz para esse nosso mundo em turbulência, escrevo aqui as belas palavras da filósofa Hannah Arendt, que não abriu mão de seu amor pelo mundo: 
"O milagre que salva o mundo, a esfera dos negócios humanos, de sua ruína normal e natural é, em última análise, o fato do nascimento, no qual a faculdade de agir se radica ontologicamente. Em outras palavras, é o nascimento de novos seres humanos e o novo começo, a ação de  que são capazes em virtude de terem nascido. Só o pleno exercício dessa capacidade pode conferir aos negócios humanos fé e esperança. (...) Esta fé e esperança no mundo talvez  nunca tenham sido expressas de modo tão sucinto e glorioso como nas breves palavras com as quais os Evangelhos anunciaram a boa nova: "Nasceu uma criança entre nós".   

Feliz Natal e Próspero Ano Novo!
Um abraço carinhoso

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Potlach: Cerimônias da Doação






Sexta-feira, 18 de dezembro, participei da confraternização natalina na ACIC, Associação Catarinense de Integração do Cego. E penso novamente no Potlach, a cerimônia de troca que ocorre em algumas sociedades indígenas onde se doa o que se tem de mais valor; e foi pensando nisso que escolhemos o nome do nosso grupo de dança, pois em todos os nossos encontros acontece uma cerimônia de doação, cada um doa o melhor de si. E posso enumerar algumas dádivas que recebemos ao dançar, meditar, conviver com as pessoas com cegueira, compreendemos, por exemplo, que:
1.Confiar é correr riscos sabiamente;
2. A cegueira é uma experiência perceptiva;
3. A alegria é um tranquilo deleite;
4. A dança é solidária e não solitária;
5. Simplicidade é percorrer um caminho sem trilhas;
6. Contemplar é habitar a beleza daquilo que não se vê;


7. O espaço é um lugar dentro de si;
8. Ser eterno é viver o momento presente.

As fotos  foram capturadas por Cleide de Oliveira em 2009, durante ensaio do espetáculo Que sei eu? Atualmente nossos processos criativos exploram a experiência da dança, na meditação, na poesia e nas noções de tempo-espaço... seguimos com o Potlach

Gratidão a vocês pela colaboração oferecida ao Potlach: Fabiana Grassi Mayca, Amanda Massucci Batista, Diana Gilardenghi, Alberto Heller, Marina Moros, Rodrigo Gonçalves, Débora Dalsasso, Marcos José Müller, Hanna Luiza Feltrin




segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

FLAMENCO

Amigas do Flamenco

Todas as terças e quintas-feiras elas se encontram para dançar Flamenco,  se enfeitam,  flor no cabelo,  saia com babados,  umas até maquiam-se.  E assim começa a aula:  sorrisos  atravessam a sala iluminando o caminho de quem chega, os abraços ajudam restaurar o cansaço  do dia. Numa rápida troca de palavras,  tentam decifrar o olhar uma  das outras e é claro da nossa “maestra”  Chari Nobre também.

Se Sevilla tem uma coisa, podemos dizer que o Flamenco tem várias: amizade, solidariedade, beleza, alegria, amor, paixão e  a dose precisa de sofrimento, mas, se estamos  lá a bailar...  estamos vivas. E assim o Flamenco é uma celebração da vida. 

Mas o Flamenco também tem disciplina, determinação e muita repetição. E exige de  todas, que essa dança apreciam, muita dedicação.  A começar pelas palavras para sua compreensão: Há o cante, o baile,  guitarra e percussão.  Escutar bem os “compás”, as palmas e as castanholas envolta em cada mão.  Os ritmos de Andaluzia,  podem todas desfrutar nos  “palos”  como  soleá, zambra,  bulerias, taranto, fandango,  Sevillana  para alegre a festa acabar.

Minhas amigas convidaram para essas palavras  eu falar e aproveito a oportunidade  para uma poema declamar.
Ralph Waldo Emerson assim escreveu:
O que é o sucesso?
Rir frequentemente e muito.
Ganhar o respeito de pessoas inteligentes
e o afeto das crianças;
Merecer a apreciação de críticos honestos
e suportar a traição de falsos amigos.
Apreciar a beleza.
Encontrar o que há de melhor nos outros.
Deixar o mundo um pouco melhor,
seja através de um filho saudável,
um jardim
ou uma condição social redimida.
Saber que ao menos uma vida pôde respirar melhor porque você viveu.
Isso é ser  bem-sucedido.

Queridas, bom  saber que muitas vidas podem respirar melhor porque vocês existem!
Beijinhos com carinho, Feliz Natal e um maravilhoso Ano Novo!
Grata Chari por sua disposição e competência de nos ensinar a apreciar  essa arte que é o Flamenco


terça-feira, 3 de novembro de 2015

O Corpo na Perfomance







Tubo de Ensaio – Composição [Interseções + Intervenções],  encerra  as atividades de 2015 em Florianópolis com Interseção 6, uma ação com quatro atividades  que será desenvolvida nos dias 7, 11 e 12 de novembro.
A primeira, no dia 7, na sala de Dança do Centro de Desportos (CDS), bloco 5 da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), será o projeto Líquens, que consiste na exibição comentada do vídeo da performance Líquens e a oficina de criação O Corpo na Performance com Laura Miranda e Mônica Infante, que têm participado de mostras, eventos e projetos no Brasil, Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Espanha, Portugal, Índia e Japão.

Parceiras desde 1990, as pesquisadoras investigam as fronteiras entre o que se convencionou chamar artes visuais, dança e performance. Desde então compartilham o conhecimento e a prática da Técnica Alexander (educação somática), o KI-Aikidô (arte marcial japonesa) e a Experiência Somática (técnica terapêutica), exercícios que comungam o trabalho com a energia vital, a unificação corpo/mente e a qualidade de ressonância com o entorno.

Na oficina de criação O Corpo na Performance, no dia 7, entre 14 e 18h, na sala de Dança do CDS, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Laura Miranda e Mônica Infante propõem exercícios e discussões sobre o corpo na performance e seus possíveis territórios a partir de um vocabulário fundamentado na Técnica Alexander que sugere uma pausa que aprofunda a percepção e a atenção em si e no outro, no KI Aikidô, que enfoca a unificação mente, corpo e ambiente permeados pelo fluxo de energia vital (KI), e na Experiência Somática (técnica terapêutica baseada na neurociência e etologia) que trabalha com a linguagem das sensações e possibilita uma maior ressonância com o entorno.

No mesmo dia, às 19h, no auditório do CDS/UFSC, elas exibem e comentam o vídeo da performance Líquens, realizado em sítio de criação, um riacho que integra a bacia hidrográfica da represa do rio Passaúna, área de proteção ambiental, região metropolitana de Curitiba (PR).

Carreiras artísticas
Mônica Infante e Laura Miranda encontraram-se em 1990 e, até 1996, desenvolveram trabalhos artísticos na Tempo Companhia de Dança, dirigida por Rocio Infante em Curitiba (PR). A partir de 1998, as artistas começam uma parceria que resultou nos projetos artísticos: Corpo, Música, Imagem (1999) com o pianista Alberto Heller, apresentado em Weimar – Alemanha; Corpo Avesso (2002) apresentado no Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto (SP); Corpo Desconhecido (2004) com a bailarina Cinthia Kunifas, selecionado pelo Rumos Dança Itaú Cultural, com apresentações em São Paulo e Belo Horizonte; Ninguém (2005) com mostra no evento Conesul em Porto Alegre (RS); Tecido, Corpo e Arte – mapeamento de comunidades têxteis em Gujarat – Índia (2006), com a artista têxtil Mariana Frochtengarten; Lago Amarelo (2006) realizado na Represa do Passaúna em Curitiba e apresentado na 4° Mostra Latino-Americana de Artes Visuais – Vento Sul, no Mac PR (2007), Conexão Sul em Curitiba (2007), Novembro da Dança em João Pessoa – PA (2007), Mostra Latino-Americana de Vídeo Arte Vento Sul em Curitiba (2008); Mostra Internacional SESC de Arte 08, em S. Paulo (SP - 2009), projeto O Corpo na Cidade: performances em Curitiba, Solar do Barão (2010), Projeto Virada Cultural no Sesc em S. Paulo (2011); Líquens - ensaio fotográfico (2011-12) com o artista plástico e fotógrafo Lauro Borges, apresentado na Arco (Feira Internacional de Arte Contemporânea em Madri, Espanha (2013). Líquens – vídeo instalação (2014) apresentada na Arco, Madri, Espanha.

Mônica Infante nasceu em Juiz de Fora (MG) em 1964. Artista, pesquisadora e professora. Graduada em dança pela Middlesex University - Londres, Inglaterra. Orientadora de projetos de pesquisa em dança contemporânea - Casa Hoffmann - centro de estudos do movimento (2006, 2009, 2012). Articuladora/organizadora do Conexão Sul – Encontro de Artistas Contemporâneos de Dança da Região Sul. Diretora de movimento do grupo de teatro Tanahora, PUCPR (2000-2014). Uma das fundadoras do Centro de Desenvolvimento de KI onde pratica e ministra aulas de KI Aikidô (3º grau faixa preta) e de Aiki e Consciência Corporal aplicando os princípios da Técnica Alexander (educação somática).

Laura Miranda nasceu em Curitiba (PR) em 1958. É graduada em artes visuais e pós-graduada em história da arte do século 20 pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná. A artista também se dedica à dança contemporânea, à qual inclui práticas de educação somática iniciadas em Nova York, com o professor da Técnica Alexander Joel Kendall. O contato simultâneo com esses campos artísticos desde a década de 1980 fundamenta sua produção e investigação das fronteiras entre dança e artes visuais. Vem participando de mostras e bienais no Brasil e no exterior em países como Espanha, Portugal, Canadá, Índia e Japão. O conjunto de sua obra integra diversas linguagens como desenho, escultura, performance e vídeo.

Ficha técnica Tubo de Ensaio
Coordenação e curadoria: Jussara Xavier, Sandra Meyer e Vera Torres
Produção executiva: Gláucia Grigolo
Bolsa Cultura UFSC: Rodrigo Bernardi
Foto e vídeo: Cristiano Prim
Design gráfico: Kamilla Nunes
Assessoria de imprensa: Néri Pedroso
Realização: Rumos Itaú Cultural 2014, Ministério da Cultura e Instituto Meyer Filho 

SERVIÇO
Projeto Tubo de Ensaio
INTERSEÇÃO 6
7 de novembro
Oficina de criação O Corpo na Performance com Laura Miranda e Mônica Infante (Curitiba/PR)
14h às 18h - Sala de Dança, Centro de Desportos (CDS), bloco 5 da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) Campus, s/n°, bairro Trindade, Florianópolis
Gratuito

Exibição comentada do vídeo da performance Líquens 
19h - Auditório CDS/UFSC, bloco 5, Campus, s/n°, bairro Trindade, Florianópolis
Gratuito

11 de novembro
Lançamento do documentário LimiaresSobre Anderson João Gonçalves. Direção de Sandra Meyer
19h - Auditório do Museu da Escola Catarinense/Udesc, rua Saldanha Marinho, 196, centro, Florianópolis, tel.: (48) 3225-8658
Gratuito

12 de novembro
Palestra Atos de Re-lembrar. Ensaio e Reprodução: Pina Bausch com Kyomi Ishida, de Gabriele Brandstetter (Berlim/Alemanha)
19h - Auditório do Museu da Escola Catarinense/Udesc, rua Saldanha Marinho, 196, centro, Florianópolis, tel.: (48) 3225-8658
Gratuito
Livre

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Nasce o passo brincante


O nascimento do passo brincante
Marina Abib Foto de Cristiano Prim

Texto Publicado no Jornal Notícias do Dia,  Caderno Plural, em 26/10//2015
O corpo canta e a música dança no espaço da brincadeira na formação dos bailarinos, atores, músicos e educadores. Nos dias 16 e 19 de outubro o Tubo de Ensaio, um dos projetos premiados pelo Rumos do Itaú Cultural, coordenado por Jussara Xavier, Sandra Meyer e Vera Torres, aproximou  a composição e as danças tradicionais brasileiras  tendo como convidada a dançarina Marina Abib,  coreógrafa e fundadora da Companhia Soma, que foi recebida pelos  participantes com distintos interesses  e curiosidades nas danças populares e nos seus processos de recriação. O corpo ágil de Marina Abib carregam um repertório primoroso  de formas de se mover embevecido com as danças da cultura brasileira. Essas matrizes trazem uma novidade para a composição na dança contemporânea ao serem  oferecidas como um chão onde cada participante pode se reconhecer como integrante de um coletivo social e cultural que constrói   saberes tendo como primícias suas próprias maneiras de propor e resolver desafios.  Marina nos lembra que o artista popular não se diz dançarino, músico ou ator, ele se diz brincante; e brincadeira é o nome dado à certas manifestações populares onde estão presentes diversas linguagens artísticas. Brincam  homens, mulheres e crianças que participam de manifestações como o cavalo-marinho, o reisado, o caboclinho, os maracatus e o nosso aqui bem conhecido boi de mamão.
No bate-papo ilustrado De Repente ocorrido na chuvosa  sexta-feira, no Centro de Artes da Udesc, Marina Abib apresenta sua pesquisa ora dançando ora falando acerca dos saberes coletivos da cultura tradicional e como as manifestações populares brasileiras servem de fundamento para pensarmos uma noção de tradição enquanto recordação, ou seja, um passar de novo pelo coração. Desse modo,  o leitor e a leitora podem entender a cultura popular a partir do tempo presente, como um exercício em que um ser humano se reconhece no outro. Esse reconhecimento enraizado no brincar  atualiza nossa maneira de compreender, por exemplo, o transe, o ritual e o simbólico na dança. Na  oficina  Danças Brasileiras: um corpo ritmado, ocorrida  na Udesc e também no Centro de Desportos da UFSC, os participantes experimentaram no próprio corpo as frases rítmicas presentes nas músicas tradicionais brasileiras e a partir disso apreenderam os gingados característicos da dança do frevo. Foram trabalhados jogos de prontidão com uma bola de tênis, jogos de agilidade com um balão com água, exercícios de consciência corporal com aplicação de massagem. A apreensão do vocabulário referenciado nas danças brasileiras, desvelou-se pelo perceber do corpo retorcido no chão, o segurar na mão o som de si mesmo, o chocalhar  do ser, o varrer o chão com as pontas dos pés,  o apoiar-se nos metatarsos desfrutando da instabilidade a dois, a descoberta das articulações por vias insólitas. Tudo para preparar o corpo para o nascimento do passo brincante. Encontrar nas sonoridades do frevo um corpo disponível para expressar  as peculiaridades dessa dança, improvisar e criar frases coreográficas. Deslocamentos  dançantes no mundo  onde segue-se abrindo caminho  acotovelando a multidão, sentindo o rastro da dor ou perseguindo os vestígios da alegria. Dança ou luta? Sabe-se lá!  Sabe-se que há brincadeira  e nessa reunião surge espaço para própria criação.
Ida Mara Freire, Pós-doutorado em Dança, Universidade da Cidade do Cabo, África do Sul

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Danças Brasileiras

Nova etapa do Tubo de Ensaio aborda o corpo, o lúdico, a educação

Projeto contemplado no programa Rumos Itaú Cultural
oferece oficina e bate-papo ilustrado com Marina Abib



As danças tradicionais brasileiras, inseridas no contexto das chamadas brincadeiras populares, são indissociáveis do seu caráter rítmico. O corpo soa e a música movimenta o espaço da brincadeira. É com base nesses princípios que a nova etapa do Tubo de Ensaio – Composição [Interseções + Intervenções], um dos projetos contemplados pelo Rumos 2013-2014, principal programa do Itaú Cultural, trabalha o corpo, o lúdico, a educação. Intervenção 4 tem como público alvo bailarinos, atores, músicos e educadores. A coreógrafa e dançarina Marina Abib, que pesquisa a construção de uma corporeidade desenvolvida a partir de matrizes das danças populares brasileiras, vem a Florianópolis para dar uma oficina, em dois locais diferentes, e para uma conversa aberta ao público.

O bate-papo ilustrado De Repente ocorrerá no dia 16 de outubro, entre 13h30 e 14h30, na Sala de Dança 1 do Centro de Artes (Ceart) da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). Após o encontro, no mesmo local, Marina Abib dá a oficina Danças Brasileiras: Um Corpo Ritmado. A duração é de duas horas. No dia 19, entre 13h30 e 15h, no Laboratório de Dança B, bloco 5 do Centro de Desportos (CDS) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a coreógrafa repete a oficina dada na Udesc.

Em De Repente, Marina Abib ilustra uma conversa sobre os saberes coletivos da cultura tradicional brasileira, ao longo de uma hora. Além da experiência pessoal na dança, a pesquisa teórica e a prática com as manifestações populares brasileiras servem de base para o desenvolvimento de uma reflexão sobre a tradição enquanto recordação.

A oficina Danças Brasileiras: Um Corpo Ritmado trabalha a compreensão rítmica no corpo e a construção de partituras corporais a partir dessas referências. Os participantes experimentam no próprio corpo as frases rítmicas presentes nas músicas tradicionais brasileiras e a partir disso introjetam os molejos e gingados específicos de cada dança.

Durante o processo são trabalhados jogos de prontidão, desafios de agilidade, exercícios de consciência corporal e apreensão do vocabulário referenciado nas danças brasileiras. O objetivo final é fazer com que os participantes encontrem nas diferentes sonoridades, um corpo confortável e disponível para que, a partir dele, possam expressar suas particularidades, seja em improvisos ou na criação de pequenas frases coreográficas.

Tubo de Ensaio

Iniciado em fevereiro de 2015, Tubo de Ensaio se estenderá até novembro, com convidados do Brasil e do exterior. Coordenado por Jussara Xavier, Sandra Meyer e Vera Torres, a intenção é aproximar a dança ao teatro, as artes visuais, o cinema e a música. O projeto também estabelece interseções de conhecimento nessas áreas com artistas e pesquisadores, busca compartilhar e problematizar procedimentos de composição – definida pelas idealizadoras como modo de reunir, produzir, dispor, inventar, combinar, arranjar.

Programa Rumos
Com 18 anos de estrada, o Rumos Itaú Cultural é o principal programa de apoio à produção cultural do Brasil e uma das mais longevas plataformas de incentivo do Brasil. Entrou em 2014 consolidando uma nova fase do seu ciclo de renovação anunciado em 2013 quando abandou o formato tradicional de apoio praticado no país – baseado em regras definidas pela instituição e limitação a áreas de expressão estanques – para apostar em um modelo aberto em que artistas, produtores e pesquisadores definem as regras do jogo com o apoiador, e tem, agora, sua primeira leva de contemplados.

Este formato trouxe novos ares e maior abrangência ao programa. Além de apoiar projetos tradicionais, que resultarão em uma obra a ser exposta ao público, como ocorria nos editais anteriores, o Rumos ganhou nova dimensão e tem entre os selecionados uma extensa e variada gama de experimentos e iniciativas que incluem pesquisa, organização de residências e seminários, circulação de repertório, documentação, desenvolvimento de plataformas e softwares, entre outras propostas.

Depois de um profundo processo de análise, a comissão multidisciplinar composta por 19 nomes emblemáticos da cena cultural brasileira – constituída pelo Instituto para se debruçar sobre a revitalização do programa e a análise de 15.120 projetos inscritos no edital de 2013 – chegou à lista de 101 trabalhos que atualmente recebem apoio do Instituto.

Ficha técnica Tubo de Ensaio
Coordenação e curadoria: Jussara Xavier, Sandra Meyer e Vera Torres
Produção executiva: Gláucia Grigolo
Foto e vídeo: Cristiano Prim
Design gráfico: Kamilla Nunes
Assessoria de imprensa: Néri Pedroso
Realização: Rumos Itaú Cultural 2014, Ministério da Cultura e Instituto Meyer Filho 

SERVIÇO
Projeto Tubo de Ensaio
INTERVENÇÃO 4
Marina Abib (São Paulo)

OFICINA
Danças Brasileiras: Um Corpo Ritmado
Dia 16 de outubro, das 14h30 às 16h30
Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc)
Centro de Artes (Ceart), na Sala de Dança 1
Av. Madre Benvenuta, 2007, bairro Itacorubi, Florianópolis

Dia 19 de outubro, das 13h30 às 15h
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Laboratório de Dança B, bloco 5 CDS/UFSC
Campus, s/n°, bairro Trindade, Florianópolis
Gratuito

BATE-PAPO ILUSTRADO
De Repente
Dia 16 de outubro, das 13h30 às 14h30
Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc)
Centro de Artes (Ceart), na Sala de Dança 1
Av. Madre Benvenuta, 2007, bairro Itacorubi, Florianópolis
Gratuito.
Livre para todos os públicos

Inscrições: www.tubodeensaio2015.com

Apoio institucional:
Centro de Artes da Universidade do Estado de Santa Catarina e Centro de Desportos da Universidade Federal de Santa Catarina

Mais informações
Pelo projeto:
NProduções
Néri Pedroso (jorn.): neripedroso@gmail.com
Skype: neripedroso
Face book: Néri Pedroso 48. 9911-9837/3248-4158

Tubo de Ensaio
Produção: tubodeensaiofpolis@gmail.com / 48. 9901-7027 (Gláucia Grigolo)

Pelo Itaú Cultural
Conteúdo Comunicação
Tel.: 11.5056-9800
Cristina R. Durán: cristina.duran@conteudonet.com
No instituto:
Tel.: 11.2168-1950
Larissa Correa: larissa.correa@mailer.c

om.br

Saiba mais

Projeto selecionado pelo Rumos Itaú Cultural 2013-2014

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Dança e Filosofia


Thereza Rocha/CristianoPrim
Onde estamos quando dançamos?

Está no ar. Tiroteio nas proximidades do campus universitário, na nublada noite de sexta-feira,  interrompe  abruptamente as atividades do curso  “Dança,  pensamento e outras dramaturgias”, ministrado pela professora doutora da UFC   Thereza Rocha. Na manhã  seguinte os participantes   comentam o episódio: alguns falam  da pessoa que passou com a mão ensanguentada,  uns  narram a rapidez  que saíram dali e outros notam o sentimento de insegurança diante da impossibilidade de  não voltarem para casa e o alívio de ali chegarem.    Fato e ficção  aterrissam  o corpo no chão da existência onde o todo é menor do que a soma de suas partes.  Atentem-se  leitora e leitor, apreciadores da dança, o  cotidiano  reivindica  de nós a elaboração de regimes discursivos que devolvam ao fato  a dimensão  de acontecimento.
As ações do “Tubo de Ensaio” contemplado pelo Rumos Itaú Cultural, coordenado por Vera Torres (UFSC), Jussara Xavier (UDESC) e  Sandra Meyer (UDESC), têm friccionado, com os diferentes pontos de vistas de seus convidados, noções de composição, dramaturgia, coreografia, etc. permitindo experiências fundamentais que auxiliam a pensar a dança na contemporaneidade, especialmente no contexto local. Os 55 participantes na Interseção 5, ocorrida entre 17 e 20 de setembro, no Centro de Desportos da Universidade Federal de Santa Catarina, intensificaram seus conhecimentos acerca da dança  e da filosofia no curso com Thereza Rocha, pesquisadora de dança e dramaturgista de processos de criação; e no metálogo com as participações do professor de filosofia Celso Braida,  o qual  expande a noção de composição em dança como uma ficção do próprio corpo; e da artista  da dança Mariana Romagnani que nos lembra que o acontecimento é gerado também por coisas  que não partem somente de nossas escolhas.
Entre  vídeos e conversas  a magma de seres  humanos vestidos de corpo desvela a textura da resistência. Na dança da vida saber que alguém se juntará a nós em um plano de composição  altera nossa percepção sobre o mundo e as coisas. Nos fazeres discursivos  de Thereza Rocha a dança não aparece ao pensamento tão somente  como  invenção  de  outros  objetos de conhecimento, a  dança  inventa  outros  modos  de conhecer.  Por exemplo, o estudo do tempo-como-espaço-como-tempo na dança contemporânea pode  constituir-se em um jogo entre o dançarino  e  a plateia em que o avanço de um e o cuidado do outro extrapolam  a noção  de  cena.   
O turbilhão de novas informações  abriram os horizontes  de composição em dança  para Marina  Sobrosa,  que encantou-se com  a troca de saberes entre  Thereza  Rocha e os participantes, a  estudante do curso de dança  da UERGS em Montenegro, decidiu vir ao evento pelo fato de ser gratuito,   ocorrer  na cidade onde seus pais moram,  além da relevância  para  suas  pesquisas e projetos.  Por acreditar na formação completa do artista e que respirar arte envolve vivê-la intensamente em todos os seus aspectos,  Marina nos dá uma pista para a pergunta  onde estamos quando dançamos?  A resposta está no ar.

Ida Mara Freire
Pós-doutorado em Dança, Universidade da Cidade do Cabo, África do Sul
Texto publicado no Jornal Notícias do Dia, Caderno Plural, 28/09/2015

domingo, 13 de setembro de 2015

Dança e Filosofia

Tubo de Ensaio aproxima dança e filosofia

Projeto contemplado no programa Rumos Itaú Cultural convida
pesquisadora Thereza Rocha para falar sobre o tema



Em sua nova etapa, Tubo de Ensaio – Composição [Interseções + Intervenções], um dos 101 projetos contemplados pelo Rumos 2013-2014, principal programa do Itaú Cultural para o fomento e apoio à produção cultural do Brasil, aproxima a dança da filosofia. Interseção 5 traz a pensadora Thereza Rocha para um curso de três dias e um metálogo (conversa). As ações ocorrem no auditório do Centro de Desportos (CDS) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), entre os dias 17 e 20 de setembro. A atuação da convidada destaca-se em temas associados à dança contemporânea, corpo e linguagem, dança e filosofia, história do corpo e filosofia da arte.

Pesquisadora de dança, diretora e dramaturgista de processos de criação, Thereza Rocha é doutora em artes cênicas pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio). Mestre em comunicação e cultura, dá aula nos cursos de bacharelado e de licenciatura em dança do Instituto de Cultura e Arte da Universidade Federal do Ceará (UFC), onde coordena o grupo de pesquisa Quintal: dança, pensamento, outras dramaturgias e regimes de dizibilidade e orienta a pesquisa PIBIC Por uma (des)ontologia da dança em sua contemporaneidade: uma escrita de processo.

Thereza Rocha estreou Máquina de Dançar no Rio de Janeiro, em 2014, selecionado como um dos 10 melhores espetáculos de dança do ano pelo jornal O Globo, e 3Mulheres e um Café, uma conferência dançada com o pensamento em Pina Bausch (2010), projeto agraciado com o Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna – ambos criados em parceria com a intérprete-criadora Maria Alice Poppe. Em 2011, em parceria com Joelson Gusson, idealizou Paisagem Nua.

Na academia, a pesquisadora atuou como professora-assistente dos cursos de graduação em Teatro e em Dança do Centro Universitário da Cidade do Rio de Janeiro - UniverCidade, onde concebeu e coordenou o curso de pós-graduação Lato Sensu Estudos Avançados da Dança Contemporânea: coreografia e pesquisa. Foi professora substituta do setor de Dança e Filosofia do Departamento de Arte Corporal da UFRJ e do setor de Dança do Instituto de Artes da UERJ. Também dirigiu a Divisão de Dança do Instituto Municipal de Arte e Cultura - Rioarte da Prefeitura do Rio.

Com a escritora Márcia Tiburi, Thereza Rocha é autora do livro DiálogoDança (São Paulo: Senac, 2012). Atualmente prepara a publicação O que É Dança Contemporânea?, voltada para o público jovem, projeto agraciado com o Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna e pelo programa o Rumos Itaú Cultural.

Curso e metálogo
No curso téorico Dança, Pensamento e Outras Dramaturgias: O Todo É Menor do que a Soma de suas Partes, Thereza Rocha propõe refletir sobre as obras de dança a partir do interesse pelos fazeres dramatúrgicos vigentes nos regimes de composição. A pesquisadora demonstra que a noção de obra entra em xeque e com ela as noções artísticas que lhe dão suporte. Neste contexto, segundo ela, a dramaturgia pode ser entendida como dramaturgismo, "um fazer de interstício; um tecido de mediação; uma escrita de processo de criação". Distante da dicotomia teoria X prática e de qualquer causalidade fazer é conhecer, conhecer é fazer".

O metálogo terá como participantes Celso Braida e Mariana Romagnani. Professor de filosofia na UFSC, natural de Santa Maria (RS), com doutorado em filosofia pela PUC-RIO (2001), Braida integra os grupos de pesquisa Núcleo de Investigações Metafísicas (UFSC) e Origens da Filosofia Contemporânea (PUCSP). Pesquisador de temas como a ontologia da arte e dos artefatos, teorias da linguagem, ontologia e análise categorial, tem experiência nas áreas de filosofia da linguagem, hermenêutica e filosofia da arte. Publicou trabalhos em revistas especializadas, além dos livros Scismas (2004), Três Aberturas em Ontologia (2005) e Exercícios de Desilusão (2012).

Mariana Romagnani é artista da dança interessada em o que a dança pode ser para além de seus limites instituídos. Seu olhar abrange os modos como o corpo pode ser guiado por materialidades distintas e pela sensorialidade do espaço, acreditando em uma dança com a potência de dar a ver o que lá estava "invisível". Desde 2003, integra o Grupo Cena 11 Cia. de Dança no qual atua como performer, assistente de criação e direção.

Tubo de Ensaio
Iniciado em fevereiro de 2015, Tubo de Ensaio se estende até outubro, com convidados do Brasil e do exterior. Coordenado por Vera Torres (UFSC), Jussara Xavier (UDESC) e  Sandra Meyer (UDESC), a intenção é aproximar a dança ao teatro, as artes visuais, o cinema e a música. O projeto também estabelece interseções de conhecimento nessas áreas com artistas e pesquisadores, busca compartilhar e problematizar procedimentos de composição – definida pelas idealizadoras como modo de reunir, produzir, dispor, inventar, combinar, arranjar.

Programa Rumos
Com 18 anos de estrada, o Rumos Itaú Cultural é o principal programa de apoio à produção cultural do Brasil e uma das mais longevas plataformas de incentivo do Brasil. Entrou em 2014 consolidando uma nova fase do seu ciclo de renovação anunciado em 2013 quando abandou o formato tradicional de apoio praticado no país – baseado em regras definidas pela instituição e limitação a áreas de expressão estanques – para apostar em um modelo aberto em que artistas, produtores e pesquisadores definem as regras do jogo com o apoiador, e tem, agora, sua primeira leva de contemplados.

Este formato trouxe novos ares e maior abrangência ao programa. Além de apoiar projetos tradicionais, que resultarão em uma obra a ser exposta ao público, como ocorria nos editais anteriores, o Rumos ganhou nova dimensão e tem entre os selecionados uma extensa e variada gama de experimentos e iniciativas que incluem pesquisa, organização de residências e seminários, circulação de repertório, documentação, desenvolvimento de plataformas e softwares, entre outras propostas.

Depois de um profundo processo de análise, a comissão multidisciplinar composta por 19 nomes emblemáticos da cena cultural brasileira – constituída pelo Instituto para se debruçar sobre a revitalização do programa e a análise de 15.120 projetos inscritos no edital de 2013 – chegou à lista de 101 trabalhos que atualmente recebem apoio do Instituto.

Ficha técnica Tubo de Ensaio
Coordenação e curadoria: Jussara Xavier, Sandra Meyer e Vera Torres
Produção executiva: Gláucia Grigolo
Foto e vídeo: Cristiano Prim
Design gráfico: Kamilla Nunes
Assessoria de imprensa: Néri Pedroso
Realização: Rumos Itaú Cultural 2014, Ministério da Cultura e Instituto Meyer Filho 

SERVIÇO
Projeto Tubo de Ensaio
Curso teórico
Dança, Pensamento e Outras Dramaturgias: O Todo É Menor do que a Soma de suas Partes
18 de setembro, das 18h às 22h
19 de setembro, das 9h às 13h, 14h às 18h
20 de setembro, das 10h às 15h

Metálogo
Com Thereza Rocha, Celso Braida e Mariana Romagnani
17 de setembro, 19h

Auditório do Centro de Desportos
Bloco 5 da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina)
Campus, s/n°, bairro Trindade, Florianópolis
Gratuito
Livre para todos os públicos

Inscrições: www.tubodeensaio2015.com

Apoio institucional:
Centro de Desportos da Universidade Federal de Santa Catarina

Mais informações
Pelo projeto:
NProduções
Néri Pedroso (jorn.): neripedroso@gmail.com
Skype: neripedroso
Face book: Néri Pedroso 48. 9911-9837/3248-4158

Tubo de Ensaio
Produção: tubodeensaiofpolis@gmail.com / 48. 9901-7027 (Gláucia Grigolo)

Pelo Itaú Cultural
Conteúdo Comunicação
Tel.: 11.5056-9800
Cristina R. Durán: cristina.duran@conteudonet.com
No instituto:
Tel.: 11.2168-1950

Saiba mais

Projeto selecionado pelo Rumos Itaú Cultural 2013-2014

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Investigação em torno do volátil

Tubo de Ensaio – Composição [Interseções + Intervenções], um dos mais de 100 projetos contemplados pelo Rumos 2013-2014, principal programa do Itaú Cultural para o fomento e apoio à produção cultural do Brasil, tem como próximo convidado o intérprete e coreógrafo João Fiadeiro. Ele vem a Florianópolis para mostrar, pela primeira vez, um trabalho e dar a oficina Composição em Tempo Real. A etapa Intervenção 3, realizada entre 17 e 20 de agosto, prevê o espetáculo Este Corpo que Me Ocupa, que será apresentado no dia 21 de agosto, às 20h, no Espaço 2, do Ceart (Centro de Artes) da Udesc (Universidade do Estado de Santa Catarina).

Fiadeiro, que em 2013 esteve em Florianópolis para ministrar aula no 6º Múltipla Dança – Festival Internacional de Dança Contemporânea, pertence à geração de coreógrafos que surgiram no fim da década de 1980. Seguidor do movimento pós-moderno americano, bem como a Nouvelle Danse dos franceses e belgas, deu origem à Nova Dança Portuguesa. Parte da sua educação e formação ocorreu entre Lisboa, Nova York e Berlim. Integrou a Companhia de Dança de Lisboa (1986-1988) e o Ballet Gulbenkian (1989-1990). Em 1990, fundou a Companhia RE.AL que apoiou a criação de seus próprios trabalhos, apresentados em diferentes países da Europa, nos EUA, Canadá, Austrália e América do Sul. 
Iniciado em fevereiro, Tubo de Ensaio se estende até outubro, com convidados do Brasil e do exterior. Coordenado por Jussara Xavier, Sandra Meyer e Vera Torres, a intenção é aproximar a dança ao teatro, as artes visuais, o cinema e a música. O projeto também pretende estabelecer interseções de conhecimento nessas áreas com artistas e pesquisadores, compartilhar e problematizar procedimentos de composição – definida pelas idealizadoras como modo de reunir, produzir, dispor, inventar, combinar, arranjar. Nessa perspectiva, a vinda de Fiadeiro é oportuna sobretudo por sua experiência como criador do método de Composição Tempo Real.

Em 2008, Fiadeiro interrompeu a atividade de coreógrafo e autor para desenvolver projetos nos quais o processo - opondo-se ao produto – aparecia como objeto central, uma mudança que condicionou o programa desenvolvido pelo Atelier Real, no qual é diretor artístico. O Tempo Real, inicialmente concebido para apoiar a escrita e a composição dramatúrgica de suas obras, transformou-se numa ferramenta e plataforma teórico-prático para entender e repensar decisão, a representação e cooperação na arte e na vida. Essa investigação desenvolve-se em sintonia com outras disciplinas, como a economia, neurobiologia e ciências de sistemas complexos, e tem sido tema de oficinas em escolas e universidades nacionais e internacionais.


A oficina Composição em Tempo Real oferece gratuitamente apenas 25 vagas. As aulas ocorrem de 17 a 20 de agosto, entre 9h e 13h, na Sala Espaço 2 do Ceart na Udesc. Na definição de Fiadeiro, Composição em Tempo Real é um sistema que serve tanto para o treino e a prática da improvisação, como para a aplicação na criação de projetos performativos.

Para além da apresentação de um conjunto de vídeos síntese e a apresentação de gráficos que traduzem os princípios e as premissas da prática, serão propostos alguns exercícios tanto na escala-maqueta de forma que os participantes poderão testar, manusear e experimentar os princípios dessa ferramenta. O objetivo é alargar os limites de envolvimento do corpo em ato e o grau de exigência das suas contribuições enquanto improvisadores. A ambição deste workshop será "crescer para o interior" dessa prática, ou seja: ganhar velocidade (de reação) e complexidade (na relação), sem perder precisão e simplicidade no gesto. Informações podem ser obtidas pelo e-mail tubodeensaiofpolis@gmail.com e as inscrições estão abertas em www.tubodeensaio2015.com

Investigação em torno do volátil
Este Corpo que Me Ocupa (2008-2014) fecha, de certa maneira, um ciclo iniciado há 11 anos com o trabalho I am Sitting..., período em que João Fiadeiro se dedicou a múltiplas interfaces, como projetos de criação, ateliê de investigação, workshops de formação, e da plataforma prática-teórica que a Composição em Tempo Real proporcionava - experimentar e sistematizar novos modos de colaboração, composição e criação artística. Assim, o trabalho posiciona-se enquanto peça-tese, na qual Fiadeiro, em colaboração com Paula Caspão, tenta sintetizar na equação mais simples possível, aquilo que o inquieta enquanto artista e investigador.

 "Se tivesse que reduzir, numa só palavra, o meu 'modo de operação', aquilo que me move e me define enquanto artista, diria que funciono e trabalho com o resto", explica Fiadeiro. O resto, segundo ele, é aquilo que fica, que foi esquecido (porque não existe crime perfeito). "O resto é o que cria vazio. E é a prova da ausência de uma presença. Ou, melhor ainda, é a presença de uma ausência. É no resto que vamos encontrar os rastros para iniciar a impossível tarefa de re-construir o mundo, uma e outra vez. Atrai-me a ideia de saber que algo esteve antes de mim e que o que ficou, resistiu. O resto é também o que está entre o corpo e 'a presença do outro no corpo', uma fuga permanente para coisas que ainda não são, que podem ser. É nisso que penso: em como dar a ver o que não está lá. Como trabalhar com uma matéria tão volátil como o vazio. Como apresentar o 'entre' das coisas. E, pior ainda, como representá-lo?."

Este Corpo que Me Ocupa estreou em outubro de 1997 no Teatro Chão de Oliva, em Sintra, Portugal. O trabalho que será apresentado em Florianópolis é uma re-posição, incluída na agenda do Atelier Real, em Lisboa, em novembro do ano passado.

terça-feira, 7 de julho de 2015

O olhar sobre a dança contemporânea latino-americana

Tubo de Ensaio promove intersecção latino-americana
A convite do projeto, a pesquisadora argentina Susana Tambutti
entrelaça reflexões sobre a dança de Florianópolis e a da América Latina
Em busca de outras amplitudes, a etapa Intersecção 4 do Tubo de Ensaio – Composição [Interseções + Intervenções] se abre para a realidade da dança contemporânea latino-americana, e recebe entre 10 a 13 de julho Susana Tambutti, crítica de dança, professora da Universidade Buenos Aires e na UNA (Universidade Nacional de Arte), foi conselheira artística do Festival Internacional de Teatro y Danza de la Ciudad de Buenos Aires (edições  2003, 2005 e 2007), co-fundadora do grupo Nucleodanza, formadora do corpo docente do American Dance Festival e curadora da Bienal de Arte Joven Buenos Aires Ciudad. Tubo de Ensaio é um dos 102 projetos contemplados pelo Rumos 2013-2014, principal programa do Itaú Cultural para o fomento e apoio à produção cultural do Brasil
A agenda de Susana Tambutti em Florianópolis prevê muito trabalho nesse período. Além de apresentar um panorama da cena contemporânea da dança na Argentina, a pesquisadora integrará um metálogo (conversa), um ensaio aberto comentado, um curso e o acompanhamento de um ensaio aberto do Grupo Cena 11 Cia. de Dança.
No dia 10, às 20h, no Espaço 2 do Ceart (Centro de Artes) da Udesc (Universidade do Estado de Santa Catarina), ela assiste e comenta obras de duas bailarinas da cidade. Elke Siedler apresenta o Rec(L)usadx ainda em processo, e Daniela Alves, um trecho de Direção Múltipla, seu último trabalho. Dias 11 e 12, no auditório do Centro de Desportos, bloco 5 da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), dá o curso intensivo Dança na Argentina: fazendo do alheio substância própria. No dia 13, à tarde, acompanha o Cena 11 e, às 18h, participa de metálogo (conversa) na UFSC.
O olhar sobre a dança na América Latina interessa as organizadoras do projeto, Jussara Xavier, Sandra Meyer e Vera Torres, que pretendem aproximar e compartilhar os contextos e visões artísticas entre países latino-americanos. Tambutti apresentará a cena coreográfica argentina, além de problematizar as formas de perceber, compor e pensar a dança. Três artistas que vivem em Florianópolis - Elke Siedler, Daniela Alves e Lincon Soares - foram convidados a apresentar seus respectivos solos em ensaios abertos comentados pela pesquisadora argentina. Em sua sede, o Grupo Cena 11 Cia. de Dança também participará do Intersecção 4 com um ensaio aberto do espetáculo Monotonia de Aproximação e Fuga para 7 Corpos.
Iniciado em fevereiro, o projeto Tubo de Ensaio estende-se com ações mensais até outubro, com uma proposta de interseção entre saberes e práticas artísticas, reúne artistas e pesquisadores de dança para compartilhar procedimentos de composição – definida no projeto como modo de reunir, produzir, dispor, inventar, combinar, arranjar.
O curso
Dança na Argentina: fazendo do alheio substância própria
                                    
11 de julho (sábado)
9h às 12h: A mundialização da modernidade. O "nós" europeu
O estudo da dança latino-americana está se estruturando de forma lenta e, ainda hoje, configura-se como um campo teórico disperso, tanto no que se refere às análises de suas práticas como em seus conceitos teóricos básicos. As migrações de artistas, a universalização de conceitos e teorias mostram não apenas a herança da dança cênica europeia sobre a qual nossa história se constrói, mas também como o desenvolvimento da dança é percebido através de categorias estéticas originadas basicamente na Europa ou nos Estados Unidos.
14h às 18h: Crise nos métodos de composição. A condição de indiscernibilidade na dança
Distanciamento dos conceitos de totalidade, continuidade e causalidade. Revisão do médium. Diversificação dos paradigmas legitimados. Apagamento das noções de 'gêneros'. Dissolução das formas coreográficas reconhecíveis.
12 de julho (domingo)
14h às 18h: Novos comportamentos teatrais na dança a partir do campo emergente da performance
Análise de obras coreográficas atuais em que se reconheçam influências, traduções, citações-apropriação como metodologias geradoras. Diferentes estratégias de produção. Repensar a originalidade, a autoria, a repetição, etc.
Nos encontros serão exibidos trechos das obras: Bajo, Feo y de Madera (Luis Biasotto); La Wagner (Pablo Rotenberg); Villa Argüello (Celia Argüello); Mendiolaza (Grupo Krapp); Reconstruyendo a Ana Itelman o ITELMANÍA (Jimena Pérez Salerno/Josefina Gorostiza); Commonsense project (Laura Kalauz); Por dinero (Luciana Acuña); Los Posibles (Juan Onofri); Moralamoralinmoral (Brenda Lucía CarliniAgustina FitzsimonsMilva LeonardiMarta Salinas).
Programa Rumos
Com 18 anos de estrada, o Rumos Itaú Cultural é o principal programa de apoio à produção cultural do Brasil e uma das mais longevas plataformas de incentivo do Brasil. Entrou em 2014 consolidando uma nova fase do seu ciclo de renovação anunciado em 2013 quando abandou o formato tradicional de apoio praticado no país – baseado em regras definidas pela instituição e limitação a áreas de expressão estanques – para apostar em um modelo aberto em que artistas, produtores e pesquisadores definem as regras do jogo com o apoiador, e tem, agora, sua primeira leva de contemplados.
Este formato trouxe novos ares e maior abrangência ao programa. Além de apoiar projetos tradicionais, que resultarão em uma obra a ser exposta ao público, como ocorria nos editais anteriores, o Rumos ganhou nova dimensão e tem entre os selecionados uma extensa e variada gama de experimentos e iniciativas que incluem pesquisa, organização de residências e seminários, circulação de repertório, documentação, desenvolvimento de plataformas e softwares, entre outras propostas.
Depois de um profundo processo de análise, a comissão multidisciplinar composta por 19 nomes emblemáticos da cena cultural brasileira – constituída pelo Instituto para se debruçar sobre a revitalização do programa e a análise de 15.120 projetos inscritos no edital de 2013 – chegou à lista de 102 trabalhos que atualmente recebem apoio do Instituto.
Ficha técnica
Coordenação e curadoria: Jussara Xavier, Sandra Meyer e Vera Torres
Produção executiva: Gláucia Grigolo
Foto e vídeo: Cristiano Prim
Design gráfico: Kamilla Nunes
Assessoria de imprensa: Néri Pedroso
Realização: Rumos Itaú Cultural 2014, Ministério da Cultura e Instituto Meyer Filho 
SERVIÇO
Projeto Tubo de Ensaio
Ensaio aberto comentado
Daniela Alves (trecho de Direção Múltipla) / Elke Siedler (solo em processo: Rec(L)usadx)
10 de julho, 20h, Sala Espaço 2 do Ceart (Centro de Artes) da Universidade do Estado de Santa Catarina, avenida Madre Benvenuta, 2007, bairro Itacorubi, Florianópolis
Livre para todos os públicos. Gratuito
Ensaio aberto comentado
Grupo Cena 11 Cia. de Dança - espetáculo Monotonia de Aproximação e Fuga para 7 Corpos
13 de julho, 14h, Jurerê Sports Center, av. dos Dourados, 481, bairro Jurerê Internacional, Florianópolis
Livre para todos os públicos. Gratuito
Curso Dança na Argentina: fazendo do alheio substância própria
11 de julho (sábado) 9h às 12h e 14 às 18h; 12 de julho (domingo) 14h às 18h
Auditório do Centro de Desportos, bloco 5 da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Campus, s/n°, bairro Trindade, Florianópolis
Inscrições: 30 vagas pelo e-mail tubodeensaiofpolis@gmail.com
Gratuito